É importante a empresa considerar uma estratégia de longo prazo da sua exposição a riscos políticos, e não apenas buscar proteção quando eventos acontecem – o que pode deixá-la vulnerável à reação imediata das seguradoras ao evento. Riscos políticos podem trazer consequências e gerar perdas catastróficas
O cenário global de riscos políticos continua a ser impactado pela queda nos preços de petróleo, tensões geopolíticas incluindo mudanças de regimes em diversos países. Mesmo diante destes riscos e crescentes de sinistros, as seguradoras têm demonstrado apetite e vendo oportunidades de seguros para riscos políticos. O mais recente report “Political Risk Market Update” da divisão de Crédito e Risco Político da Marsh, mostra que a atual capacidade individual para uma única apólice pode chegar a US$ 2,4 bilhões, praticamente o dobro do que víamos há seis anos. Para um melhor entendimento, apresentamos neste report uma série histórica desde 2003.
Esse crescimento indica uma clara mudança de apetite das seguradoras das operações tradicionais de P&C (Property and Casualty) para as linhas de especialidades, como o caso de riscos políticos. Essa é uma estratégia de diversificação de linhas de negócios, onde a competição pode ser muito acirrada – e os preços muito baixos, em mercados de linhas tradicionais.
É importante notar que o mercado de seguro de riscos políticos tem menor correlação com grandes eventos que impactam seguros tradicionais. No entanto, os crescentes casos em países considerados de alto risco político – como Líbia e Ucrânia – e o aumento do tipo de eventos, incluindo não pagamento de contratos, danos físicos, abandono forçado, não conversibilidade de moedas, entre outros, tem aumentado também a demanda de multinacionais operando em escala cada vez mais global.
Impacto para as Empresas operando em um ambiente global
As multinacionais estão atentas aos riscos de operações globais em diversos países, e os riscos políticos têm sido cada vez mais endereçados em suas estratégias de proteção. Estruturas através de suas seguradoras cativas também têm sido consideradas como mecanismo de autoproteção (self-insurance). No entanto, ressaltamos que riscos políticos podem ter consequências e gerar perdas catastróficas. Portanto, as empresas devem considerar as condições favoráveis de capacidade do mercado de seguro de riscos políticos.
Para operações globais com coberturas em diversos países, as condições de capacidade e preço passam a ser bem competitivas se comparadas a coberturas isoladas em um único país – normalmente aquele que apresenta maior risco localizado.
Além disso, é importante para as empresas considerarem uma estratégia de longo prazo da sua exposição a riscos políticos, e não apenas buscar proteção quando eventos acontecem, o que pode deixar as empresas vulneráveis à reação imediata das seguradoras ao evento.
Mercado Brasileiro
Atualmente, somente uma seguradora tem licença da Susep (Superintendência de Seguros Privados) para oferecer apólices de risco político no Brasil. Normalmente, as apólices são contratadas por multinacionais com sede ou subsidiárias internacionais em países e regiões com mercado de seguros já desenvolvido e maduro como EUA e Europa.
É crescente o número de empresas brasileiras com operações em regiões como Oriente Médio, África e Leste Europeu buscando soluções estruturadas de seguros de riscos políticos, para fazer frente às expansões de suas operações offshore.
As coberturas de seguros de Riscos Políticos:
- Investimentos e Ativos Físicos + Violência Política
Coberturas – Expropriação, abandono forçado, desinvestimento forçado, violência política, não conversibilidade ou não transferência de moedas, cancelamento de licenças de exportação/importação, entre outros.
- Frustração de Contrat
Coberturas – Perdas resultantes de cancelamento/frustração de contratos originados por eventos políticos no país contraparte, incluindo o não pagamento derivado de ação ou inação política (guerra, guerra civil, atos do governo, cancelamento de licenças de importação/exportação, expropriação, não convertibilidade de moedas, não transferência, entre outros).