Skip to main content

Artigo

Informar sobre os riscos da mudança climática: prepare-se para a divulgação obrigatória

A pressão por um acordo internacional para relatórios de risco sobre as mudanças climáticas, conforme recomendado pela Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD), está ganhando terreno. Cumprir as determinações da TCFD é uma missão importante para muitas empresas.
pieces of ice melting in sea close up

A pressão por um acordo internacional para relatórios de risco sobre as mudanças climáticas, conforme recomendado pela Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD), está ganhando terreno. As Nações Unidas, a IFRS (International Financial Reporting Standards Foundation) e o G20 estão pedindo a adoção desse acordo.

Cumprir as determinações da TCFD é uma missão importante para muitas empresas. Esse processo é uma clara oportunidade para melhorar a precificação, ajustada aos fatores de risco das mudanças climáticas e à gestão de riscos em geral, e também para obter maior acesso ao capital e atender melhor às demandas dos investidores.

As organizações que não implementarem medidas de acordo com as recomendações da TCFD correm o risco de ter sua exposição às mudanças climáticas avaliadas por uma terceira parte, provavelmente de modo prejudicial; já aquelas que adotarem uma abordagem proativa, sem dúvida, conseguirão melhores benefícios.

O que é TCFD?

Existem vários padrões e acordos para relatórios de sustentabilidade, mas o Conselho de Estabilidade Financeira, que promove a estabilidade financeira em todo o mundo, escolheu a TCFD como o veículo para desenvolver um acordo globalmente aceito.

A TCFD foi criada em 2015 para promover relatórios relacionados ao clima muito mais direcionados e padronizados para uso por empresas, bancos e investidores no fornecimento de informações a diferentes grupos corporativos. O objetivo desse acordo é que, ao melhorar a divulgação das implicações financeiras das alterações climáticas, isso nos conduza a modelos e soluções de negócio mais sustentáveis.

Michael Bloomberg, presidente da TCFD, declarou:

"O risco que a mudança climática representa para as empresas e os mercados financeiros é real e já está presente. É mais crucial do que nunca que as empresas liderem o processo de entendimento e resposta a esses riscos e aproveitem as oportunidades para construir uma economia global mais forte, resiliente e sustentável."

A TCFD promove a difusão dessas 11 recomendações, em torno de quatro elementos centrais dos riscos relacionados ao clima:

·       Governança corporativa: Disseminar a governança corporativa de uma organização, em relação às oportunidades e riscos relacionados ao clima.

·       Estratégia: Divulgar os impactos reais e potenciais dos riscos e oportunidades relacionados ao clima para organizações, estratégia e planejamento financeiro, sempre que essas informações sejam relevantes.

·       Gerenciamento de risco: Difundir como a empresa identifica, avalia e gerencia os riscos relacionados ao clima.

·       Métricas e objetivos: Divulgar as métricas e também as metas usadas para avaliar e gerenciar riscos e oportunidades relevantes relacionados ao clima quando essas informações forem relevantes.

Uma das principais recomendações do grupo de trabalho, ao considerar diferentes cenários relacionados ao clima, está centrada na resiliência da estratégia da organização. Isso inclui assumir um aquecimento global estimado de 2°C ou menos, onde o uso de energia e as emissões são compatíveis, limitando o aumento da temperatura média global a 2°C acima da média pré-industrial.

Que países apoiaram a TCFD?

Países e entidades reguladoras do mundo inteiro apoiam a ideia de tornar obrigatórias as recomendações da TCFD. Até agora, 12 países aprovaram o acordo da TCFD e oito países estão em processo de torná-lo obrigatório (ver figura A). Além disso, a International Financial Reporting Standards Foundation está criando o International Sustainability Standards Board (ISSB), conselho que estará alinhado com a TCFD. Este Conselho poderia ampliar consideravelmente a implementação das recomendações.

Uma mudança global para a apresentação obrigatória de relatórios sobre o clima

O acordo conhecido como Força-Tarefa de Divulgação Financeira Relacionada ao Clima, ou TCFD passaria de ser uma abordagem voluntária para ser a principal resposta normativa ao risco climático.

União Europeia

Não adotou formalmente o acordo da TCFD, mas está implementando o Regulamento de Divulgação Financeira Sustentável, com um escopo mais amplo do que a TCFD, centrada no clima.

G-7: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão
Em junho de 2021, o G-7 endossou a ideia de relatórios obrigatórios da TCFD.

América do Norte

Canadá: O país vinculou o fundo de resgate da pandemia às recomendações em conformidade com a TCFD. O Banco do Canadá disse que está "trabalhando para alinhar suas recomendações futuras" com essas diretrizes.

 

Estados Unidos: Em março de 2021, a SEC realizou uma consulta pública sobre recomendações relacionadas à mudança climática, incluindo as propostas pela TCFD. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, também manifestou apoio aos relatórios de sustentabilidade, com destaque para a TCFD.

América Latina

Brasil: O Banco Central planeja exigir que os bancos divulguem informações relacionadas com a TCFD.

 

México: O Banco do México recomenda o desenvolvimento de uma estratégia de regulamentação e supervisão que siga as recomendações da TCFD.

Ásia-Pacífico

Japão: O país revisou o código de governança corporativa em junho de 2021, e especificou que as empresas de capital aberto devem divulgar riscos financeiros relacionados ao clima para seus negócios, conforme indicado pelas recomendações da TCFD.

 

Nova Zelândia: Em setembro de 2020, tornou-se o primeiro país a anunciar a implementação da divulgação obrigatória de relatórios da TCFD. É provável que as instituições financeiras sejam obrigadas a apresentar os relatórios a partir de 2023.

 

Singapura: A agência reguladora da bolsa de valores, o Singapore Exchange Regulation, exigirá que os emissores apresentem obrigatoriamente informes  de acordo com a TCFD a partir de 2022. Em 2023, será obrigatório para empresas de setores-chave, como finanças e transportes, e na maioria dos setores em 2024.

 

Hong Kong: A Securities and Futures Commission anunciou em dezembro de 2020 que, até 2025, instituições financeiras e empresas de capital aberto precisarão divulgar os impactos financeiros das mudanças climáticas em seus negócios, em consonância com o acordo TCFD.

Europa, Oriente Médio e Ásia

África do Sul: O Tesouro recomendou a incorporação de padrões sobre riscos ambientais e sociais às recomendações da TCFD.

 

Suíça: O país afirmou que vai consagrar os relatórios do TCFD na legislação tornando-os "vinculativos".

 

Reino Unido: Declarou que tornará obrigatórias as divulgações alinhadas à TCFD para todo o setor econômico até 2025, e muitos dos requisitos serão aplicados já em 2023.

A partir de 18 de agosto de 2021. O mapa inclui alguns países que estão pressionando por relatórios climáticos obrigatórios, e não voluntários, confirmando o acordo TCFD.

Fontes: Allen & Overy; S&P Global Sustainable1; TCFD.

Impacto em empresas e organizações

Organizações de todos os setores serão afetadas em segundo plano com as mudanças climáticas. No entanto, as maiores organizações e que têm maiores riscos de impacto climático serão afetadas antes. É provável que uma empresa seja impactada por dois canais principais:

·      Recomendações obrigatórias

As recomendações da TCFD podem se tornar obrigatórias para determinadas empresas. O acordo TCFD destacou até agora os seguintes setores-chave: agricultura, produtos alimentícios e florestais, energia, materiais e construção, transporte e finanças. Os países estão adotando em primeiro lugar estratégias de implementação voltadas para esses setores.

·      Recomendações voluntárias

Ações relacionadas com as recomendações do acordo TCFD podem ser o próximo passo para as empresas que tenham respaldado voluntariamente a iniciativa. Quase 60% das 100 maiores empresas públicas do mundo apoiam o acordo TCFD, entre mais de 2.700 partidários no mundo inteiro.

As empresas declararam seu apoio por uma série de razões que englobam a pressão de investidores, credores, subscritores e parceiros da cadeia de suprimentos, e também para aumentar sua compreensão dos riscos e oportunidades climáticas em seus negócios.

Benefícios de informar sobre os riscos climáticos

Os riscos físicos, transitórios e de responsabilidade estão aumentando como consequência das mudanças climáticas.

O Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) informou que as perdas econômicas globais resultantes de catástrofes relacionadas ao clima passaram de US$ 214 bilhões na década de 1980 (preços em 2019) para US$ 1,62 trilhão na década de 2010, aproximadamente triplicando em termos de proporção do PIB global.

Os mercados financeiros públicos e privados já estão levando em conta os riscos climáticos e estabelecendo preços em função disso, e o alinhamento com as recomendações da TCFD permitirá que continuem a fazê-lo. Os benefícios obtidos com o processo, especialmente se uma empresa vai além da mera conformidade, abrangem:

  • Melhor gestão de riscos corporativos (ERM) após a integração dos riscos climáticos.
  • Planejamento estratégico e análise de cenários mais detalhados.
  • Maior acesso ao capital, e com melhores condições.
  • Progresso da resiliência operacional.
  • Maior capacidade de cumprir os requisitos de divulgação existentes, fornecendo informações críticas sobre relatórios financeiros.
  • Ter competências para atender às demandas dos investidores sobre informações relacionadas ao clima e no formato em que forem solicitadas.

Ações essenciais

É crucial que uma empresa conheça sua "data de lançamento", se houver, e comece a se preparar para esse prazo com antecedência.

Idealmente, a empresa deve fornecer informações seguindo o que for recomendado pela TCFD por vários anos antes que as divulgações se tornem obrigatórias.

Envolver partes interessadas corporativas, como credores, bancos e seguradoras.

O ideal seria consultá-los sobre que tipo informação gostariam de obter.

Analisar os riscos físicos e transitórios. Construir uma imagem dos riscos relacionados com o clima em uma empresa talvez seja o componente mais difícil das recomendações da TCFD.

É aconselhável abordar os aspectos mais difíceis deste exercício desde o início. A experiência da Marsh ajudando os clientes a lidar com eventos catastróficos nos torna líderes de fato na quantificação dos impactos físicos do risco climático.

Entenda os quatro eixos da TCFD.

E também suas 11 recomendações, que estão detalhadas a seguir.

Como cumprir as 11 recomendações da TCFD

Governança Coeporativa

Estabelecer uma estrutura de gerenciamento de riscos, bem como políticas e procedimentos para riscos corporativos e de sustentabilidade. Comparar práticas corporativas com as diretrizes relacionadas à sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa (ESG).

Estratégia

Mapear os riscos físicos resultantes das mudanças climáticas e também os riscos associados à transição para uma economia de baixo carbono. Comparar os resultados prováveis com os da concorrência.

Gerenciamento de risco

Quantificar o impacto financeiro dos riscos relacionados ao clima por setor e geografia e avaliar o risco da cadeia de suprimentos. Criar resiliência por meio do planejamento de resposta a emergências para riscos físicos e avaliar as opções de transferência de risco.

Métricas e objetivos

Estabelecer métricas relevantes para a avaliação de risco. Essas métricas podem incluir rendimentos, despesas, o impacto do risco de mudança climática nos ativos e no financiamento de capital. É importante comprometer-se com a modelagem da pegada de carbono.

Os principais serviços da Marsh incluem modelagem de risco físico e de transição, integração de risco climático em estruturas de gestão de risco empresarial  (ERM) e assistência na articulação de análise de risco climático, ambição e estratégias de resiliência para requisitos de relatórios, incluindo os da TCFD.

Se você tiver alguma dúvida sobre as recomendações da TCFD, não hesite em entrar em contato com seu consultor Marsh.

Material

Relatando o risco de mudança climática

Preparação para divulgação obrigatória

Quer saber mais sobre os riscos ESG?

Deixe seus dados e enviaremos conteúdos de grande valor para a sua organização.