Autor: Rodrigo Suárez ,
Climate & Sustainability Advisory Leader, Latin America and Caribbean
13/05/2024
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai em novembro e dezembro de 2023, revelou a urgência de alinhar as visões dos líderes mundiais sobre as mudanças climáticas e as ações decididas para mitigar os riscos associados. Durante as sessões, foi abordada a necessidade de adotar tecnologias inovadoras, gerar soluções reais para energias renováveis, a necessidade de eficiência energética até 2030 e avançar em termos de financiamento da ação climática, incluindo perdas e danos.
A América Latina desempenhará um papel importante nas conversações deste ano de 2024 em relação à conservação e uso sustentável da biodiversidade. A Colômbia, um dos países mais biodiversos do planeta, sediará a Cúpula sobre Biodiversidade COP16 em Cali, e certamente a agenda continuará abordando certos pontos discutidos anteriormente na COP28.
Sob essas perspectivas, é importante entender como essas conversas globais têm um impacto nas empresas latino-americanas e como os líderes empresariais devem abordar essas questões tanto em suas reuniões de diretoria quanto em seu planejamento anual, a fim de se anteciparem e permanecerem competitivas em um ambiente desafiador.
O foco na inovação tecnológica, abordado na COP28, apresenta tanto oportunidades quanto desafios. É fundamental que as empresas pensem em soluções ou processos que apoiem sua adaptação às mudanças climáticas, conservação de ecossistemas ou uso sustentável de recursos, pois esses serão elementos-chave para a região nos próximos anos e na tomada de decisões estratégicas.
Historicamente, as conversas sobre o clima têm se concentrado na mitigação dos Gases de Efeito Estufa (GEE), mas, ao contrário de outras edições, a COP28 destacou a importância da adaptação e da resiliência, resultando no Fundo de Perdas e Danos. As empresas já estão sentindo os efeitos das mudanças climáticas, portanto, antecipar-se aos seus riscos deve ser uma prioridade em todos os níveis empresariais.
Os riscos climáticos têm grandes implicações além dos riscos físicos, que afetam os ativos de uma empresa, sua cadeia de suprimentos ou a infraestrutura associada ao seu setor. É crucial que as empresas entendam como as mudanças climáticas podem afetar não apenas suas propriedades, mas também suas operações, pessoas e investimentos, reforçando assim a necessidade de ajustar os processos operacionais e a competitividade empresarial.
Abordar esse último ponto, no entanto, é complexo em países como a Colômbia, onde a economia informal, de acordo com o DANE, representa mais de 55% da força de trabalho, assim como acontece em outras economias latino-americanas. Isso representa grandes desafios para coordenar, padronizar ou replicar modelos de descarbonização e gerar um impacto climático positivo no tecido empresarial do país.
Esses pontos críticos enfrentados pela região, assim como a necessidade de soluções inovadoras e ações decididas tanto no âmbito governamental quanto empresarial, serão o eixo fundamental para construir um futuro sustentável e resiliente nos países da América Latina.
O setor de seguros desempenha um papel fundamental para tornar a ação climática a escolha padrão para as organizações. Descarbonizar a economia global é possível e necessário, e a indústria de seguros pode acompanhar e fortalecer esse caminho para apoiar essa transição.
As ferramentas de avaliação de riscos e precificação no setor de seguros, baseadas em dados históricos, também enfrentarão desafios de adaptabilidade. A introdução de novas tecnologias, fenômenos meteorológicos extremos ou ciclos naturais alterados exigem novas abordagens ou modelos, gerando assim uma demanda adicional para a indústria de seguros.
Em nosso painel durante a COP28 no pavilhão da Colômbia, diferentes atores abordaram a importância do setor de seguros, tanto em nível global quanto local, para desenvolver soluções que apoiem essas iniciativas.
A Colômbia, como uma economia global e um dos motores da região, enfrenta desafios significativos relacionados aos riscos naturais e uma necessidade urgente de abordar as questões climáticas em todos os níveis.
A Colômbia ocupa o décimo lugar entre as economias globais com riscos relacionados a três (3) ou mais perigos naturais, o que destaca a vulnerabilidade do país a eventos climáticos extremos. A região está experimentando uma maior recorrência desses eventos, o que aumenta o risco de inundações, incêndios florestais, deslizamentos de terra e tempestades. Esse cenário destaca a urgência de estabelecer estratégias de desenvolvimento sustentável e gestão do território de forma organizada e a longo prazo.
A adaptação não é apenas uma necessidade para a Colômbia, suas empresas e seus governos, mas também para outras economias da região, como o Brasil (outro dos países mais biodiversos) ou o México, reconhecendo a necessidade de tomar medidas urgentes para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.
De uma perspectiva de mitigação, como mencionado por Amy Barnes, responsável pela Estratégia de Clima e Sustentabilidade na Marsh e membro do grupo climático Marsh McLennan, a Colômbia é responsável por 0,57% das emissões globais de gases de efeito estufa, destacando a importância de compromissos sólidos para reduzir as emissões. Na verdade, o país se comprometeu a reduzi-las em 90% até 2050, estabelecendo uma meta ambiciosa alinhada aos esforços globais para enfrentar as mudanças climáticas.
Na América Latina, a importância da adaptação climática é amplificada nas comunidades costeiras, seus ecossistemas e sistemas produtivos a longo prazo.
A "economia azul" que surge da riqueza dos oceanos e mares poderia representar até 3 trilhões de dólares até 2030, mas as mudanças climáticas não apenas ameaçam essa rede vital, mas também têm um impacto crítico nos recursos hídricos, gerando tensões geopolíticas e erosão social, conforme apontado pelo Relatório de Riscos Globais de 2024.
Em conclusão, a COP28 marcou um ponto de virada para as empresas latino-americanas, assim como na abordagem das ações que devem ser empreendidas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Nesse cenário, é importante monitorar, avaliar e aprender com os esforços de adaptação, além de fechar a lacuna de financiamento, especialmente para os países da região.
A adoção de novas tecnologias e a criação de estruturas de resiliência climática sólidas não apenas são urgentes, mas também necessárias para a sustentabilidade empresarial e a conservação dos ecossistemas.
Nesse contexto, o setor de seguros tem a oportunidade de liderar o caminho rumo a um futuro sustentável e resiliente. Isso pode ser alcançado por meio de mecanismos de mitigação, como: Seguros de Responsabilidade Social, gestão de riscos cibernéticos, seguros com ênfase na natureza - baseados nos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), mercado de carbono e seguros paramétricos relacionados ao clima. Esses mecanismos não apenas protegerão as empresas, mas também serão decisivos para estar um passo à frente do risco.
Na Marsh McLennan, estamos comprometidos com a resiliência climática e a importância de compartilhar essa visão estratégica com as organizações. Quando sua resiliência for testada, nossos consultores o ajudarão a construir o caminho com confiança. Você está pronto para conhecer o poder da perspectiva?