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Parques eólicos offshore: a assegurabilidade do projeto pode garantir ou inviabilizar uma oferta

O crescente interesse mundial em turbinas eólicas offshore ficou evidente durante um recente leilão de energia na Escócia, promovido pelo governo do Reino Unido. O leilão de 15 lotes na costa nordeste daquele país atraiu 74 licitantes, incluindo novos entrantes do setor da indústria de óleo e gás, joint ventures e um consórcio de outras empresas estrangeiras interessadas.
Wind turbines at sea (offshore wind farm)

O crescente interesse mundial em turbinas eólicas offshore ficou evidente durante um recente leilão de energia na Escócia, promovido pelo governo do Reino Unido. O leilão de 15 lotes na costa nordeste daquele país atraiu 74 licitantes, incluindo novos entrantes do setor da indústria de óleo e gás, joint ventures e um consórcio de outras empresas estrangeiras interessadas.

Espera-se que tais projetos forneçam invejáveis 10 gigawatts (GW) de capacidade de geração adicional – energia suficiente para atender entre 7 e 10 milhões de residências. Governos de todo o mundo estão realizando leilões de energia eólicas offshore semelhantes, com mais de 284 GW planejados para construção até 2036, de acordo com o consultor de mercado 4C Offshore. O investimento projetado é significativo, com a 4C Offshore estimando investimentos da ordem de US$ 840 bilhões até 2043; para isso, atrair o financiamento necessário é um componente chave para uma oferta bem-sucedida.

Com poucas licenças disponíveis, os investidores estão bem preparados e a concorrência é cada vez mais acirrada. E à medida que a competição por licenças se intensifica, os desenvolvedores procuram cada vez mais investir em projetos de parques eólicos mais distantes, levando a um aumento acentuado na implantação planejada de tecnologia eólica offshore flutuante. A tecnologia flutuante representa a nova fronteira da energia eólica offshore e permite o desenvolvimento de parques eólicos em águas cada vez mais profundas em comparação com turbinas de fundação fixa.

Adaptação ao risco

Os parques eólicos offshore de fundação fixa foram construídos em escala desde a virada do século. Com o passar do tempo, os riscos passaram a ser amplamente compreendidos e o mercado segurador começou a mostrar sinais de maturidade em sua abordagem quanto à cobertura de suas apólices e alocação dos riscos dos projetos. Ao entender no detalhe os custos de sinistros, as seguradoras estão, portanto, bem atentas em questões como atrasos nas atividades de manutenção devido às condições climáticas adversas, indisponibilidade de embarcações offshore especializadas e adequado preparo das tripulações, evolução contínua da tecnologia, cadeias de suprimentos, exposições quanto à catástrofe natural e mercados emergentes. Infelizmente, algumas das ocorrências de sinistro mais comuns que persistiram - especialmente no que diz respeito a cabos submarinos - continuam revelando problemas de fabricação e perdas relacionadas à instalação dos mesmos.

Esses riscos também afetam as turbinas flutuantes e têm potencial para serem amplificados. Por exemplo, turbinas mais distantes da costa podem exigir tempos de reboque mais longos de volta ao porto quando são necessários reparos. A percepção das seguradoras acerca de “equipamentos testados e aprovados” varia, e áreas cinzentas permanecem em torno da cobertura para danos materiais consequentes de componentes defeituosos. Outro exemplo refere-se ao “risco de interface” – que é a compatibilidade da turbina eólica com a tecnologia de plataforma flutuante utilizada – que pode resultar em incerteza em torno das garantias e garantias de desempenho.

Além disso, as seguradoras levantaram preocupações sobre soluções adequadas de “monitoramento remoto” para os componentes dinâmicos das turbinas – como linhas de ancoragem e cabos submarinos – para garantir que a possibilidade de fadiga de material e a corrosão sejam gerenciadas e que as lições aprendidas sejam levadas em consideração para projetos futuros. A falta de monitoramento remoto pode aumentar exponencialmente os riscos.

Parceiros naturais

As empresas do setor de óleo e gás têm experiência em trabalhar com algumas áreas da cadeia de fornecimento de energia eólica offshore flutuante e, consequentemente, têm uma abordagem madura e padronizada para contratação, alocação de riscos e seguros. Essas empresas podem tirar lições do passado (especialmente no que diz respeito ao monitoramento remoto) e alavancar seus conhecimentos em tecnologia flutuante e estruturas offshore dinâmicas. Ao considerarmos que eles também estão procurando investir em energia renovável como meio de descarbonização de sua operação, não é de surpreender que esse setor de energia tradicional fóssil esteja mostrando um forte interesse em diversificar seu portfólio por meio de parques eólicos offshore flutuantes.

Melhorar a assegurabilidade ajuda no financiamento de projetos

Se um projeto pode demonstrar uma solução de seguro robusta e bem estruturada, é mais fácil para os credores apoiá-lo. Tais soluções podem levar a maiores entradas de capital e, consequentemente, ao crescimento dessa indústria em franca expansão. Para maximizar a disponibilidade de seguro para um parque eólico offshore flutuante, as seguintes ações devem ser consideradas:

  1. Alinhamento antecipado entre todas as partes interessadas no projeto, incluindo empreiteiros, fornecedores de tecnologia flutuante e parceiros de joint venture. Buscar uma alocação justa de risco no início do processo economizará tempo e dinheiro à medida que o processo de colocação dos seguros começar a ganhar ritmo.
  2. Avaliação cuidadosa da qualidade e experiência da cadeia de suprimentos. Considere trabalhar com o maior número possível de empreiteiros de “tier one”. As seguradoras avaliarão os empreiteiros com os quais você trabalha, e a experiência e a qualidade do trabalho dos mesmos serão um fator de diferenciação fundamental para o seu projeto.
  3. Nomeação de um inspetor marítimo na primeira oportunidade. Considere usá-los para participar de seu processo de engenharia desde o início.
  4. Certifique-se de que um organismo de certificação reconhecido (como DNV ou ClassNK) tenha confirmado que o processo de desenho de projeto está em conformidade com os objetivos de desempenho estabelecidos.
  5. Engajamento antecipado de consultores de seguros com larga experiência em gerenciamento de risco e pré-seleção de seguradoras para trabalhar em estreita colaboração com sua equipe de projeto. O processo de colocação de seguros precisará ser cuidadosamente gerenciado com um lead time de seis a nove meses para garantir que os riscos sejam definidos e mitigados adequadamente.

Essas ações também são recomendadas para o adequado controle dos custos dos seguros, pois as taxas são geralmente mais agravadas para parques eólicos offshore flutuantes quando comparadas com parques eólicos offshore de fundação fixa (devido aos fatores discutidos acima).

Se você tiver alguma dúvida sobre os riscos de parques eólicos offshore, entre em contato com seu consultor do time de especialidades da Marsh.

Conheça os autores

Hamish Roberts

Hamish Roberts

UK Growth Leader, Marsh Specialty

Hamish has 38 years' experience in the power and renewable energy sector. He has held executive management roles at leading global broking firms and established high performing teams handling global retail and wholesale business. Hamish joined Marsh Specialty in April 2014 and in 2020 became Global Head of Marsh’s renewable energy team.

Daniel Gumsley

Daniel Gumsley

Global offshore wind advisor

  • United Kingdom

Dan has over 20 years insurance experience, including an 8 year tenure on the client-side as the risk and insurance manager at Vattenfall. Dan was responsible for delivering a fit-for-purpose and cost-effective insurance program for development, construction and operational phases of Vattenfall’s 8 GW offshore wind farm portfolio.​