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Relatório de Riscos Globais 2024 - Navegando por riscos interconectados e prioridades divergentes

Após uma abrangente pesquisa com lideranças de todo o mundo, o Global Risks Report 2024 consolidou uma lista com as principais ameaças ao crescimento de empresas, governos e sociedade no horizonte de curto prazo (2 anos) e de longo prazo (10 anos).
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Neste guia, exploramos possibilidades de construção de resiliência a partir das interseções.

Após uma abrangente pesquisa com lideranças de todo o mundo, o Global Risks Report 2024 consolidou uma lista com as principais ameaças ao crescimento de empresas, governos e sociedade no horizonte de curto prazo (2 anos) e de longo prazo (10 anos). No entanto, esses riscos estão interligados de maneira complexa e não basta analisá-los isoladamente: precisamos investigar como se conectam, que consequências geram e como podemos nos preparar para enfrentá-los partindo de uma abordagem sistêmica e sustentável, ao mesmo tempo em que lutamos para superar o desalinhamento entre as prioridades de diferentes setores que precisam colaborar entre si.

Sobre o Global Risks Report

O Global Risks Report é um estudo produzido anualmente pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Zurich Insurance Group, Marsh McLennan, Universidade de Oxford, Universidade de Singapura e Universidade da Pensilvânia. Ele detalha a perspectiva de grandes lideranças globais sobre as principais ameaças ao crescimento de empresas, governos e sociedade no horizonte de curto prazo (2 anos) e de longo prazo (10 anos). Em 2024, chegou à sua 19.ª edição, destacando um cenário predominantemente negativo, repleto de riscos interconectados e transições desafiadoras, incertas e voláteis.

Quem participa?

54% das lideranças participantes preveem alguma instabilidade e um risco moderado de catástrofes globais, enquanto outros 30% esperam condições ainda mais turbulentas.

Por que (e para quem) é importante?

No cotidiano das organizações, esses riscos precisam ser considerados de forma proativa, permitindo uma antecipação eficaz aos potenciais desafios. Nesse sentido, o relatório traz insights que fornecem uma compreensão abrangente do cenário de risco atual e emergente, inspirando estratégias mais efetivas de mitigação e adaptação, bem como a construção de sistemas resilientes. Uma leitura obrigatória para profissionais envolvidos com gerenciamento de risco.

Resultados 2024

Ranking dos riscos mais severos no curto e longo prazo

 

 

A próxima década dará início a uma jornada de mudanças significativas, levando a nossa capacidade de adaptação ao limite. Durante este período, será possível conceber uma multiplicidade de futuros totalmente diferentes e, através das nossas ações para enfrentar hoje os riscos globais, traçar um caminho mais positivo.

 Visão sistêmica

13 insights para uma tomada de decisão estratégica

1.      Em um cenário de profunda desigualdade, a incapacidade e a dificuldade de reagir a todos esses riscos tende a estagnar a prosperidade e o desenvolvimento global.

Vale destacar que os impactos dos riscos não acontecem de forma igual frente às desigualdades. As nações e classes sociais mais vulneráveis tendem a sofrer mais, potencializando os conflitos e reforçando o cenário de estagnação. As empresas precisam refletir profundamente sobre a possibilidade de adotar medidas e soluções afirmativas para a promoção da equidade, com uma abordagem distributiva em relação às oportunidades.

2.      As desigualdades não só perpetuam o ciclo de pobreza e exclusão, mas também criam um ambiente fértil para o aumento da criminalidade e do crime organizado.

E o crime organizado, por sua vez, com a capacidade de fortalecer suas redes globais através do uso estratégico da tecnologia, pode erodir as instituições democráticas, aumentar a polarização social e a vulnerabilidade da população à desinformação e à violência – um problema multifacetado que precisa ser enfrentado de maneira decisiva.

3.      A deterioração do poder de compra das famílias é uma consequência direta do déficit fiscal e da inflação, sendo que o Brasil enfrenta riscos significativos nessas áreas.

Para incentivar o hábito de poupar, é necessário implementar mecanismos de promoção e incentivo que capacitem as pessoas a economizarem ao longo dos anos. Um dos pilares para alcançar esse objetivo é a educação financeira, que pode ganhar espaço no currículo escolar e na pauta de benefícios corporativos.

4.      Para fortalecer a capacidade de enfrentar adversidades e garantir a sustentabilidade, é essencial desenvolver sistemas resilientes.

Esses sistemas, aplicáveis tanto em contextos organizacionais quanto pessoais, são baseados em redes de apoio e proteção que facilitam a superação de desafios. Ao projetar tais sistemas, seja em cadeias produtivas, relações pessoais ou forças de trabalho, asseguramos uma melhor capacidade de recuperação e adaptação diante de dificuldades.

5.      As ameaças globais potencializam riscos de saúde física e mental, ao mesmo tempo em que a medicina evolui e a expectativa de vida aumenta. Esse cenário pressiona os custos da saúde primária.

Os custos crescentes são intensificados pela incorporação de novas tecnologias e tratamentos que, embora aumentem a disponibilidade de serviços, também elevam significativamente as despesas operacionais. Entendemos a responsabilidade individual como um elemento chave nesta equação: as empresas precisam estimular uma postura proativa e ética dos colaboradores, com utilização consciente dos recursos de saúde, além de investir fortemente em abordagens preventivas.

6.      É preciso promover a conscientização sobre a importância do seguro como parte de uma estratégia de resiliência, garantindo que mais pessoas possam enfrentar desastres climáticos com algum grau de segurança e tranquilidade.

Os eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais comuns em lugares onde anteriormente eram raridade, como é o caso do Brasil. As empresas, percebendo os riscos, têm adotado políticas para proteger seus patrimônios através de seguros. Contudo, o mesmo nível de proteção muitas vezes não se estende aos indivíduos que são igualmente afetados: apenas 12% das residências do país possuem seguro habitacional no país – e a diferença que ele pode fazer em casos de inundação ou outros sinistros é substancial. 

7.      A IA, com sua capacidade de processar e gerar informações em larga escala, pode ser utilizada tanto para fins positivos quanto negativos.

A disseminação de fake news é um recurso cada vez mais utilizado por governos autoritários, uma manipulação que compromete a integridade do discurso público, mina a confiança nas instituições e na mídia, exacerbando o clima de polarização e desconfiança. Portanto, à medida que avançamos na era digital, precisamos desenvolver mecanismos robustos de verificação de fatos, promover a literacia mediática e regulamentar o uso ético da IA para garantir que a tecnologia sirva ao bem comum, preservando a verdade e a transparência na esfera pública.

8.      À medida que a inteligência artificial avança, cresce também o potencial para riscos cibernéticos. Preparar pessoas para essa nova realidade é tão importante quanto investir em sistemas de segurança da informação.

O treinamento deve abordar não apenas as habilidades técnicas necessárias para identificar ataques cibernéticos, mas também o desenvolvimento de uma conscientização crítica sobre os vieses inconscientes que podem levar indivíduos a se tornarem vítimas desses riscos. 

9.      Para além dos riscos, a inteligência artificial tem o potencial de transformar significativamente a produtividade e a competitividade no ambiente de trabalho.

Um ambiente favorável à IA, apoiado por políticas inclusivas e uma cultura de empatia, será essencial para endereçar a inserção desta tecnologia de forma eficaz. Um país que não cria uma cultura que acolhe a IA, que não prepara sua população e não desenvolve as habilidades necessárias inevitavelmente encontrará dificuldades em se manter competitivo, aprofundando dificuldades e desigualdades.

10.       O desenho de incentivos do sistema econômico é excessivamente focado em variáveis financeiras e costuma ignorar os impactos sociais e ambientais reais das atividades empresariais. Mas isso está mudando.

Nesse sistema, os ganhos são privatizados, enquanto os impactos negativos são socializados e não se refletem adequadamente nos balanços das empresas. Em geral, o modelo influencia as decisões empresariais de forma a não considerar plenamente as consequências de suas operações. Contudo, há sinais de uma mudança estrutural em curso – e países com papel significativo na economia global, como o Brasil, terão que se adaptar a essa nova realidade.

11.      A dissonância nas percepções de urgência de adaptação climática entre os principais decisores implica um movimento de transição abaixo do ideal – e nos deixa mais próximos de pontos de não-retorno.

Os participantes da pesquisa divergem sobre a iminência dos riscos ambientais, como a perda de biodiversidade e o colapso dos ecossistemas. Os mais jovens priorizam mais esses riscos no curto prazo em comparação com as gerações mais velhas. Já o setor privado vê esses riscos como preocupações mais prementes a longo prazo, diferentemente dos representantes da sociedade civil e do governo, que os consideram prioritários em horizontes temporais mais imediatos. É urgente chegar a um acordo, pois a capacidade coletiva de adaptação das sociedades poderá ser ultrapassada, deixando algumas comunidades e países incapazes de absorver os efeitos agudos e crônicos das rápidas alterações climáticas.

12.      Para fortalecer a capacidade de enfrentar adversidades e garantir a sustentabilidade, é essencial desenvolver sistemas resilientes.

Esses sistemas, aplicáveis tanto em contextos organizacionais quanto pessoais, são baseados em redes de apoio e proteção que facilitam a superação de desafios. Ao projetar tais sistemas, seja em cadeias produtivas, relações pessoais ou forças de trabalho, asseguramos uma melhor capacidade de recuperação e adaptação diante de dificuldades.

13.      O desafio de lidar com múltiplas variáveis associadas vai exigir a habilidade de distinguir o que são causas e o que são consequências.

Ao mapear riscos, as pessoas geralmente reagem às consequências imediatas sem abordar as causas subjacentes. A habilidade de olhar para os riscos globais de forma sistêmica ajudará a responder demandas urgentes sem cair em decisões precipitadas e emocionais que podem complicar a solução de problemas mais complexos e profundos no longo prazo.

A cooperação será objeto de pressão neste mundo fragmentado e em constante mudança. No entanto, continuam a existir oportunidades fundamentais de ação, que podem ser tomadas a nível local ou internacional, individualmente ou em colaboração, e que podem reduzir significativamente o impacto dos riscos globais.